domingo, 17 de fevereiro de 2008

HOMEOPATIA

Grande incompreensão existe a respeito da especialidade médica chamada Homeopatia, sendo confundida, pela maioria das pessoas, com a Fitoterapia, que é a utilização de plantas medicinais no tratamento de doenças, a qual se assemelha mais ao tratamento convencional do que ao modelo homeopático, como veremos a seguir. 

Desde a Grécia Antiga, a Medicina possui duas correntes terapêuticas, fundamentadas no princípio dos contrários e no princípio dos semelhantes. Em conseqüência da primeira surge a chamada Alopatia e a própria Fitoterapia, que buscam combater sintomas isolados da enfermidade com substâncias (sintéticas ou naturais) que atuem contrariamente aos mesmos (anti-), anulando-os (Ex: anti-inflamatório para a inflamação, anti-ácido para a acidez, anti-depressivo para a depressão, anti-térmico para a febre, etc.). Baseando-se no princípio da similitude, Samuel Hahnemann criou, há mais de 200 anos, a Homeopatia, apoiando-se na observação experimental de que toda substância capaz de provocar determinados sintomas numa pessoa sadia, é capaz de curar estes mesmos sintomas numa pessoa doente. Contrariamente ao que se pensa, a Homeopatia é um sistema científico bem definido, com uma metodologia de pesquisa própria, apoiada em dados da experimentação clínica dos medicamentos no homem são, que podem ser reproduzidos a qualquer momento, como o foram ao longo dos séculos. 

O homeopata tem como meta encontrar um medicamento que englobe a totalidade das características individuais do paciente, administrando ao mesmo uma substância que foi capaz de despertar nos experimentadores sadios sintomas semelhantes (homeo) aos que se desejam combater, estimulando o organismo a reagir contra a sua enfermidade. 

Segundo a concepção filosófica homeopática, a origem primária de qualquer doença está na perturbação da força vital, entendida como uma forma de energia primordial e fundamental responsável pela manutenção da vida e do equilíbrio orgânico. Portanto, a essência do desequilíbrio da saúde encontra-se num nível imaterial (energético) no qual interagem nossas forças psíquicas (pensamentos e sentimentos) e que retrata os fatores íntimos a que cada ser é suscetível. 

Para atuar nesta natureza imaterial do homem, a Homeopatia utiliza medicamentos em doses infinitesimais, preparados segundo o processo farmacotécnico da dinamização (diluições e agitações sucessivas), através do qual busca-se a liberação dos poderes energéticos vitais contidos nas substâncias, respaldado no conceito universal de que "toda matéria é energia condensada". Desta forma, o medicamento homeopático desperta uma reação vital orgânica contrária aos sintomas do desequilíbrio vigente, funcionando como um direcionador do processo de cura interior. Acreditamos que caberá à Física, futuramente, a mensuração desta forma de energia sutil (energia ou força vital), assim como o fez no passado com a eletricidade, o magnetismo, as radiações, etc. 

Cada medicamento homeopático, experimentado no indivíduo sadio, provocou uma série de sintomas (mentais, gerais ou locais), que devem ser semelhantes aos sintomas do indivíduo enfermo, para conseguirmos trazê-lo ao estado de saúde. Em vista disso, torna-se indispensável o conhecimento dos sinais e sintomas objetivos e subjetivos do paciente, a fim de podermos encontrar o remédio que mais se lhe assemelhe. Disso denota o interesse do médico homeopata por particularidades individuais, que pode ser considerado estranho por quem não entenda o modelo homeopático. 

Daí a necessidade de um interrogatório profundo, no qual se busca a compreensão da totalidade sintomática característica do indivíduo, manifesta na forma de ser e reagir frente ao meio e às pessoas que o cercam. Tudo que diga respeito ao paciente exprime o estado de sua força vital, desde os conteúdos imaginários e fantásticos, passando pelos sonhos, sensações, sentimentos e pensamentos, até as características gerais e físicas que o caracterizam. O homeopata espera que os sofrimentos físicos e morais sejam expressos de uma forma espontânea, sincera e detalhada, a fim de que num clima de compreensão recíproca entre médico e paciente possa-se desenvolver o trabalho de equipe na busca do medicamento correto. 

Para isso, torna-se fundamental ao paciente, e aos que o acompanham, a observação constante do seu modo de pensar, sentir e agir, procurando entender as causas profundas que o fizeram adoecer e renovando em si mesmo o diálogo interior na prática do ensinamento grego: "Conheça-te a si mesmo". Devemos frisar que o entendimento íntimo do ser humano é um trabalho árduo e que deve ser adquirido gradativamente, segundo o esforço que cada um empregue nesta tarefa de auto-análise, estando neste conteúdo de conflitos, de modo geral, o fator desencadeante para a instalação de grande parte das enfermidades. 

Em vista deste grau de complexidade do ser humano (equilíbrio bio-psico-sócio-espiritual), que deve direcionar a escolha do medicamento homeopático individualizante, o tratamento pode ser mais ou menos demorado, considerando-se também a gravidade e a duração da enfemidade.

Para os sintomas locais ou físicos, com os quais estamos mais familiarizados, devemos observar todas as particularidades que os tornam característicos a cada indivíduo (modalizações): tipo de dor ou sensação; localização e irradiação; época e hora de surgimento; fatores de melhora ou piora; sintomas ou sensações concomitantes; etc. 

Quanto aos sintomas gerais, que representam as características generalizantes do organismo ou que se relacionam aos vários sintomas, melhorando ou agravando-os, devemos valorizar as seguintes modalidades: posições ou movimentos; temperatura, clima ou estação do ano; condições atmosféricas e do tempo; comidas e bebidas; transpiração, eliminações, evacuações; etc. 

A grande importância dada por Hahnemann ao sintomas mentais, ou seja, às características relacionadas ao pensar e ao sentir, ao caráter e à moral, mostra a compreensão ampla que ele tinha das doenças, por abordar um tema que só agora começa a ser aceito pela Medicina (psicossomática). São estes os sintomas mais difíceis de serem relatados, por constituírem um plano mais importante da individualidade e por delatarem nossas limitações e fraquezas, que, por defesa, buscamos esconder a todo custo. 
Por tudo isto que lemos a homeopatia é uma forma de tratamento muito eficaz para todas as doenças.